5.09.2010

Mediocridade

A mediocridade me enoja e principalmente aquela que vem de mim.

Fiz um juramento de não mais ser medíocre, mas sei que desde o início ele seria um juramento vazio.

Imerso em minha diminuta mentalidade, repleta de preconceitos (de maus preconceitos, porque há aqueles que são bons) passo os dias nada fazendo a não ser multiplicando meus males, meus sofrimentos, minha nulidade feita de pó, lembranças, arrependimentos e vícios vazios.

Tudo o que aprendi estou lentamente desaprendendo. Como um ciclo, chego na metade de minha vida com vácuos na mente e na alma.

Tudo o que eu deveria fazer está muito bem desenhado na minha frente, como um desenho detalhado e repleto de minúcias. Contudo, esqueço dele, fecho os olhos, arremesso a Grande Obra para um canto qualquer e depois lamento.

Ouço o choro da criança que não tive, anos atrás. Um fantasma abortado, uma existência que eu não suportaria porque a minha, já bastante pesada, ocupa-me 24 horas por dia com inúmeras dores.

Será o choro de um fantasma? Eu acredito neles. Os mortos são mais reais do que muita gente de carne e osso. Reais por sua presença sentimental. E são os sentimentos o que importa. Tudo o mais é invenção, ou problema.

Esse choro, de onde vem, afinal? A vontade é esmagá-lo, a vontade é calar a boca da criança que chora com um murro que esfacela dentes, ossos e transforma aquela linda cabecinha de infante em um amontoado de sangue.

Engula esse choro, criança, engula-o.

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